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Um espaço Odontológico

quarta-feira, novembro 01, 2006

Uso do Piercing, cuidado!

Povos ancestrais como os maias utilizavam o piercing oral em ritos de passagem. Os jovens da era moderna não necessitam mais provar que são bons caçadores, mas ainda utilizam a jóia na bochecha, lábios e principalmente na língua como acessório da moda ou para reafirmar a identificação com sua “tribo”. Porém, o que muitos usuários não sabem é que o adereço pode trazer sérios riscos à saúde, como o câncer bucal.
Em primeiro lugar, nem sempre os estabelecimentos que colocam as peças seguem as normas de vigilância sanitária e de esterilização. A falta de cuidados com a biossegurança favorece a transmissão cruzada de hepatite e de Aids. O alerta é da Associação Brasileira de Odontologia (ABO). A dor e o edema na língua são as primeiras complicações que surgem com a punção. Quando a perfuração atinge regiões vascularizadas ou nervosas, o órgão pode apresentar sangramento prolongado ou parestesia (sensações subjetivas vivenciadas mesmo sem estimulação, como frio, calor, formigamento). E se a língua inchar demais pode até fechar a passagem do ar e dificultar a respiração.
“E como somente profissionais de saúde estão habilitados a prescrever antibióticos na fase pós-operatória, o usuário pode desenvolver uma infecção por falta de precauções”, alerta o presidente nacional da ABO, Norberto Francisco Lubiana.
Os riscos não cessam após a colocação da peça. Mesmo que o usuário não apresente quadro infeccioso no início, o hábito de brincar com a jóia ou a simples mastigação pode causar danos aos tecidos vizinhos. A literatura científica reporta casos de fratura dental, trauma na mucosa, gengiva e palato, retração gengival – que deixa o dente mais vulnerável à cárie e à periodontite - e cicatrização exagerada (quelóide) na língua em usuários de piercing.
Outros problemas são interferência na mastigação, deglutição e fonação, hipersalivação, dificuldades na fala, além de aspiração da jóia, incorporação da jóia no local da perfuração, obstrução de imagens radiográficas e hipersensibilidade ao metal. Piercings colocados em outras regiões da cavidade oral também podem causar danos irreversíveis aos pacientes.
Lubiana lembra que o trauma contínuo e de baixa intensidade provocado por um objeto estranho ao corpo como o piercing, potencializado pelo consumo de álcool, fumo ou propensão genética, pode levar ao câncer.
O presidente da entidade aconselha aos usuários do acessório a procurar um cirurgião-dentista de sua confiança para acompanhamento e identificação de eventuais danos à saúde bucal.
A ABO Nacional é entidade sem fins lucrativos, dedicada à defesa da classe odontológica e da saúde bucal da população brasileira. Está representada nas 27 unidades federativas através de Seções Estaduais e em 293 municípios, através de Regionais. Ao todo, a Rede ABO totaliza 1.430 consultórios dentários em suas 83 Escolas de Aperfeiçoamento Profissional (EAPs), que oferecem atendimento odontológico gratuito ou subsidiado à população, e ministram 70% dos cursos de especialização em Odontologia registrados no Conselho Federal de Odontologia. Faz parte do Fórum Permanente em Defesa do Empreendedor e do Fórum Permanente em Defesa do Setor Saúde. É filiada à Federação Dentária Internacional (FDI), na qual como Membro Regular tem a maior delegação oficial representando o Brasil, e à Federação Odontológica Latino-americana (Fola), como país-membro junto aos 20 países do continente.

Fonte: Jornal da Mídia